CFMV discute sanidade de animais aquáticos durante reunião da CNA

05/07/2016 – Atualizado em 31/10/2022 – 8:48am

A falta de fiscalização e controle sanitário na aquicultura tem permitido a disseminação de doenças em animais aquáticos de cultivo e causado prejuízo ao produtor brasileiro.

O tema foi debatido no dia 29 de junho, em Brasília (DF), durante reunião do Grupo Técnico de Sanidade Animal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que trouxe pela primeira vez o tema de sanidade de animais aquáticos às discussões.  O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) esteve presente, por meio de seu Grupo de Trabalho de Aquicultura.

O presidente do GT de Aquicultura do CFMV, o médico veterinário e fiscal federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Eduardo de Azevedo Pedrosa, falou sobre a importância do Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos de Cultivo. O 'Aquicultura com Sanidade' visa garantir a sustentabilidade dos sistemas de produção de animais aquáticos e a sanidade da matéria-prima proveniente de cultivos nacionais.

""Foto: Tony Oliveira 

“O programa vai abranger todos os estabelecimentos brasileiros que cultivam ou mantém animais aquáticos e promover a redução da mortalidade, proteger a saúde pública e melhorar a qualidade do produto”, explicou Azevedo. Segundo ele, a iniciativa é de grande importância para identificar a origem dos animais e permitir a rastreabilidade dos animais cultivados e seus derivados.

Controle sanitário

O presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da CNA, Eduardo Ono, apresentou os principais problemas sanitários em peixes nativos, enfrentados atualmente por toda cadeia produtiva. “O conhecimento de vírus e bactérias em peixes ainda é restrito e isso dificulta o tratamento. Já os parasitos, que podem ser vistos a olho nu, são mais fáceis de detectar”, explicou Eduardo Ono.

A ausência de informações técnicas, de serviço de diagnóstico, de planos de prevenção específicos e de protocolos de tratamento validados foi destacada por Ono. “Para melhorar o controle sanitário na aquicultura, precisamos de mais qualificação de profissionais, aprofundar as pesquisas na área e intensificar a orientação e apoio tecnológico aos produtores”, afirmou Ono.

""Foto: Tony Oliveira 

Também foi destacada na reunião a necessidade de controle sanitário em propriedades que cultivam peixes, principalmente tilápia e peixes redondos (espécies que possuem alta demanda no país). “A tilápia é uma commodity comercial e precisa de boas práticas de manejo e sanidade para evitar que doenças se espalhem pelos tanques-rede ou escavados”, disse o professor de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Henrique Figueiredo.

De acordo com ele, dentre os países da América, o Brasil é o que apresenta maior quantidade de publicações com relato de doenças emergentes na produção de tilápia. “Temos registrado elevados números de doenças causadas por bactérias e vírus e o aumento de casos de infecção simultânea por dois agentes diferentes, que deixam o peixe impróprio para o consumo”, finalizou Henrique.

Como um dos encaminhamentos da reunião, ficou decidido que a implementação do Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos de Cultivo será feita pelos serviços veterinários de cada estado, com o apoio da CNA e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Também será solicitado apoio aos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMVs), com o objetivo de conscientizar e capacitar os médicos veterinários sobre sua importância na área.

Sobre o GT de Aquicultura do CFMV

Criado pelo CFMV em novembro de 2015, o GT Aquicultura é formado pelos médicos veterinários Eduardo de Azevedo, que preside o grupo, Agar Perez, integrante da Comissão Nacional de Especialidades Emergentes do CFMV, Eliana de Fátima Marques de Mesquita, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Emiko Shinozaki Mendes, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

O GT espera colaborar para despertar nos estudantes e profissionais de Medicina Veterinária o interesse por uma área importante economicamente e que demanda profissionais qualificados.

“O médico veterinário devidamente capacitado na parte de doenças de animais aquáticos pode contribuir para diminuir as perdas por enfermidades e contaminação, uma vez que detém todo o conhecimento, adquirido na formação, que levam ao raciocínio em sanidade e não apenas em patologia”, afirma Eduardo de Azevedo.

Assessoria de Comunicação do CFMV com informações da CNA